29 de novembro de 2023 14:59
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COLUNA: O preço da privatização: gasolina 20% mais cara no Amazonas

Foto: Divulgação

Economia & Política, por Ismael Mendonça

A bandeira do liberalismo econômico mais uma vez engana o povo brasileiro que, infelizmente, não está pronto do ponto de vista crítico para observar a realidade da prática liberal. Durante o governo Bolsonaro empresas nacionais no setor de petróleo foram privatizadas e o custo da privatização começou a aparecer.

Parte do povo brasileiro comumente apoia a ideia de privatização, pois, mesmo sem entender bem como funciona o mercado, tem sido ludibriada com a máxima: “…apenas a concorrência maior é capaz de baixar os preços”. Essa ideia de que a concorrência maior é a solução para redução dos preços de qualquer coisa é fomentada pelo mercado capitalista como forma de proporcionar a desestatização de alguns instrumentos de um país.

O que o ‘povão’ não sabe é se de fato essa máxima sempre funcionará. Na verdade, não sei ao certo quem inventou essa história de ligar privatização a redução de preço, mas o que sabemos de fato é que: se a oferta for maior que a demanda o preço reduzirá. Nesse sentido, falar sobre oferta maior não tem nenhuma relação direta com a privatização, pois para a oferta ampliar é necessário uma maior produção.

Vamos avaliar esse exemplo: uma empresa tem duas fábricas de carros e cada fábrica entrega dois carros por ano; um total de quatro carros são fabricados ao ano. Uma fábrica é vendida para um novo empresário que, obviamente, não parou de fabricar seus dois carros por ano. Agora, quantos carros são fabricados por ano? Resposta: quatro, teremos a mesma oferta de carros, nem mais nem menos.
Portanto, como a privatização fará o preço do carro reduzir se o comprador agora tem de tirar a despesa do seu investimento? A tendência é subir, pois ele não ficará no prejuízo por ter gastado dinheiro comprando uma fábrica de carros.

A prova mais concreta hoje no Brasil está acontecendo no estado do Amazonas, onde o governo Bolsonaro privatizou a refinaria que a Petrobras mantinha nas redondezas de Manaus. As atividades de refino foram assumidas pelo grupo Atem há 15 meses e desde então o preço do gás de cozinha aumentou e a gasolina já aumentou 20%. Segundo quem atua na área, o atual valor representa a realidade da comercialização local dos combustíveis, pois antes a Petrobras diluía os valores na cadeia de produção nacional como um todo e, agora, como o combustível é localmente administrado pela Atem, os valores precisaram ser aumentados para manter no “custo da realidade logística local”.

Daí fica a pergunta: Não seria a privatização a forma de redução dos preços? A resposta está na prática do dia a dia.

Diante dos fatos fica fácil de a gente repetir que: privatização não obriga a redução do valor de nada. O que faz o valor de qualquer produto cair é a ampliação da oferta do produto, com o aumento da produção. Portanto, se um governo quiser reduzir valores de gasolina o ideal é aumentar os investimentos na ampliação da oferta de gasolina com maior quantidade de refinarias e uma maior eficiência de refinarias mais antigas.

No Brasil, diga-se de passagem, as refinarias mais antigas foram montadas para o refino do petróleo que é extraído localmente – produto que não é o mais interessante para a fabricação de combustíveis. No entanto, nossas refinarias são capazes de nos fornecer boa parte do que consumimos. O pulo do gato estaria no fomento para que outras empresas, ou a própria Petrobras, instalem novas refinarias por aqui. Entretanto, vamos lembrar que combustíveis fósseis já não são mais o futuro. A previsão é a redução do consumo e, com isso, ampliar refinarias pode ser uma solução com prazo de validade previsto.

 

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